domingo, 22 de agosto de 2010

Tear 4...aqui se trança?

Para manter um "diário"é preciso uma certa mentalidade arquivista, que exige alguma disciplina que ordene a vida...""Ter um diário é uma maneira de colecionar os dias...Claro, as ambições do diário são uma causa perdida de antemão..."(Michelle em sua página http://www.colba.net/~micheles )

Em 1994, a Associação Vinaigre, em Paris, lançou uma experiência paradoxal: construir uma obra coletiva a partir de pontos de vista íntimos. Ao longo dos meses pessoas de diferentes lugares e horizontes se reuniram em torno de regras simples, para descrever cenas da vida cotidiana, observadas em lugares públicos.Era proibido usar a palavra 'Eu', mas necessário tentar permanecer o mais próximo possível da emoção sentida pelo observador.Criou-se a partir dos primeiros textos o Journal Intime Collectif, que em 1997 já conta com mais de centena de autores de 7 a 70 anos. O Journal Intime Collectif, não só entra na Net, como passa a promover leituras públicas todos os feriados em Paris, no Café Les Couleurs!!! A internet abriria caminho para uma nova forma de comunicação, de intimidade estendida ao coletivo? Registro do efêmero, do descontínuo, escritura para não se afogar...na loucura?

E o blog doTear 4? A que tem servido?

Aqui, no uso e fruto deste blog, o que, coletivamente, podemos trançar de 'nossos' particulares da clínica, do trabalho de estudo, dos des-encontros bem sucedidos das discussões de nossas questões singulares? A que nossa escritura há de responder, destes lugares de trabalho, para que uma transmissão se faça e nos retorne em trabalho, ainda e de novo?

 Angela Porto

2 comentários:

  1. comentários: Angela Porto disse...
    Comentário de Lucia Frota:
    O eu não é senhor em sua própria casa
    Aqui no blog tear 4, podemos "usar e fruir' de nossas reflexões feitas à partir da clinica, das leituras e de nosso olhar sobre o cotidiano . Usar e fruir para fazer uma escritura singular .
    Como uma escritura singular trançada no coletivo , possibilitará uma transmissão que retorne em trabalho de novo?
    Em Freud ego ou o eu é a consciência, parte da vida psíquica, submetida ao id e ao superego. O ego, diz Freud, é "um pobre coitado", espremido entre três escravidões :desejos insaciáveis do id,a severidade repressiva do superego e os perigos do mundo exterior.
    A experiência da ‘Associação Vinaigre’ concretizada no ‘Journal Intime Collectif” através da descrição escrita e oral de cenas do cotidiano "sem usar o EU permite uma escrita singular trançada no coletivo que se previne das armadilhas do EU.

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  2. Angela Porto disse...
    Voltando à minha pergunta "o que 'coletivamente' podemos trançar de 'nossos' particulares, do estudo,da clínica, das leituras singulares dos escritos? A pergunta é capciosa enquanto nos reunimos, sabendo que só podemos contar com o trabalho solitário de cada um que as questões de 'cada um' nos propõem, no Tear. Não há intimidade possível no coletivo e se há é do sentimento de grupo e de seu gozo que se trata. A curiosidade do Journal Intime Collectif é a de pretender esta extração do Eu numa obra coletiva...como? Sei lá...
    Lembrando a proposta-aposta do Tear:
    "Mais que o aspecto formal de um procedimento de trabalho comum com a psicanálise, tentaremos avançar nas abordagens do que é que define uma posição (subjetiva, teórica) tanto do analisando (em seu sintoma), quanto do analista (na transferência), desde a estrutura, suas pontuações, variantes e cifras, enfim, de sua escritura.
    Que neste ‘em sendo’ lógico do tempo de ‘fazer com’, possamos entrever a escrita de tranças singulares através do trabalho com outros."

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