domingo, 22 de agosto de 2010

Repetir...repetir...até fazer diferente!

No capítulo X, do seminário XI-Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, intitulado Presença do analista ,Lacan diz sobre a transferência:"Que maneira melhor de se garantir,do que persuadir o outro da verdade do que lhe adiantamos...Ao persuadir o outro de que tem o que nos pode completar, nós nos garantimos de poder continuar a desconhecer precisamente aquilo que nos falta."

Diz assim da relação entre tapeação e amor.
Fico me perguntando se a 'transferência ao texto', este amor ao 'saber não sabido', não pode funcionar como garantia do desconhecimento do que nos falta, como algo que serve para tamponar mais do que desvelar. Ou melhor dizendo, como fazer desta trança algo que seja um mais além de um gozo..!? Sim, é claro que o texto não responde! E é aí que ele nos lança na busca, nos põe a trabalho.
Quando não se pode fugir deste saber sobre o inconsciente ( ah! se pudesse não hesitaria ...e não teria êxito!) na sua dimensão subjetiva e teórica ,só resta nos colocar a trabalho, tecer, fiar, tramar, contornar buracos com fios de palavras, com fios de aranha. Na teia, ora se é mosca ora aranha...alienação e separação.
Também no samba há um passo chamado trança - gesto de pernas e quadril riscando o chão e o espaço....ritmo, repetição, criação. Como diz o poeta Manoel de Barros, "repetir...repetir... até fazer diferente."

Marcia Sartorelo Carneiro

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