domingo, 22 de agosto de 2010

A função causa: hiância


“A causa não é racionalizada.”

“Só existe causa para o que manca.”
“O ics se mostra pelas mancadas.”

A função causa é esburacar a rede de significantes, ou a rede de significantes é esburacada pela função causa?
Quando o sujeito informulado chega ao mundo, se sobrepõe a ele a rede de significantes pré-existente. O lançamento sonoro do sujeito é capturado pela rede e pelo o afeto de quem é o porta voz da cultura, e o significa.
Então o ponto inaugural provém do campo do outro e se faz no ato desse encontro.
A possibilidade do sujeito fica então aprisionada na rede de significantes (alienação), que só se mostra verdadeiramente nas mancadas do ics.
É esse sujeito do ics que deve advir trazendo uma tentativa de significação de sua particularidade. E a aposta é de que se faça trabalho para se criar sentido para o sujeito ali (separação).
Então o que causa é algo que ainda não entrou na rede de significantes...
O que causa tem uma estruturação própria como uma linguagem com conexões cifradas, absolutamente particulares, e que devem ser decodificadas pelo sujeito na rede.
Acho que esta é a proposta do Tear 4: texto, experiência, interjeição, ócio.
A psicanálise me causa, quero mais. O que? Significações, sentido.
Pode estar no prazer do estudo, na convivência, nas trocas da experiência, e mesmo no ócio do cafezinho...

Simone Caporali

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