domingo, 22 de agosto de 2010

Presença do analista...quem, onde, o quê?


“A presença do analista é ela própria uma manifestação do inconsciente”.

“O inconsciente freudiano é a soma dos efeitos da fala, sobre um sujeito, nesse nível em que o sujeito se constitui pelos efeitos do significante”.

A grande novidade desse texto para mim é o esclarecimento de que o inconsciente freudiano se apresenta diante da presença do analista, enquanto testemunha da perda do sentido lógico cartesiano.
E que o acatamento e o tratamento desse inconsciente que se manifestará só será possível diante da presença do analista.
A abertura do inconsciente do sujeito se dará no momento em que sua certeza rateia, numa lógica de orientação cartesiana.
Lembrando o inconsciente freudiano como esse campo de linguagem onde a fala rateia perdendo seu sentido lógico, mas ao mesmo tempo mostrando a evidência de uma outra lógica, que reflete o modo particular do sujeito aprender a linguagem, que não está submetida a linguagem do Grande Outro, nesse momento singular, onde o simbólico falha em sua abordagem ao Real.
Por outro lado, é bom ressaltar que o simbólico sempre falhará ao abordar o Real, pois o significante não consegue tudo dizer. E exatamente por isso se diz do simbólico como significante que toca o Real.
Também aí entra a questão da causa. Já que é impossível tudo dizer, a linguagem traz em si a marca do impossível. Só se representa aquilo que não está presente. É ao mesmo tempo a origem e a possibilidade.
A neurose tem a força de obstruir a abordagem do Real pelo Simbólico. Através do processo de análise o sujeito se redimensiona, se reatualiza no des-encontro com o real.
Depois do luto ( através da análise) desse des-encontro, o analisando incluirá um não saber no saber, que tem a ver com o saber do inconsciente, da falta-a-ser, que posiciona o sujeito diante do movimento do desejo.


Simone Caporalli

Um comentário:

  1. Lucia Frota disse:
    Simone,
    o seu texto me suscitou pesquisar no discurso da histérica, uma compreensão da funçaõ deste no processo de análise. Os discursos foram tratados por Lacan em 1969-70.Nos discursos temos o agente,o outro, a produção, a verdade. posições ocupadas pelo S1, S2, $, e o objeto a (mais de gozar ) constituindo quatro modalidades , discurso do mestre, da universidade, histeria e e do analista

    " A histérica é o sujeito dividido ,dito de outro modo, o inconscente em exercicio , que empurra o senhor num canto para produzir um conhecimento " Lacan

    No discurso da histérica,a posiçaõ dominante é ocupada pelo $ ( sujeto dividido que exibe as marcas do significante em seu próprio corpo sob a forma de sintoma ). A histerica procura resposta para seu sintoma .
    O desejo da histérica (a), ocupa a posiçaõ da verdade inacessível ao sujeito manifestando sob a forma de demanda dirigida ao senhor, a quem dá poder para fornecer-lhe respostas. Compete a este fornecer-lhe a resposta através de um saber,(S2) , saber que, por sua vez, tenta dar conta da causa do desejo da histérica (a//2). Permanecendo um desejo insatisfeito, novas tentativas são feitas para tentar dar conta de(a), via(S2), provocando uma contínua proliferaçaõ de(S2)
    A posiçaõ da histerica em relação ao outro é sempre ambígua.Ao mesmo tempo em que ela comanda na posiçaõ de agente ($ ) quando requer do senhor a produçaõ de um saber, ela o desafia e sustenta. O discurso da histerica é definido como impossível .A disjunçaõ da impotência leva a disjunção da impossibilidade ($___S1)

    Isto é só o começo ....

    Abraços, Lucia Frota

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