domingo, 5 de setembro de 2010

"La Pianiste" - o filme....E a mulher? - Angústia de inexistência???



Quem viu Violência Gratuita e Código Desconhecido já sabe o que esperar do diretor alemão Michael Haneke: um estilo cruelmente frio, direto, sem subterfúgios cinematográficos. Invariavelmente, um soco no estômago. A fórmula se repete com sucesso no drama "A Professora de Piano", filme vencedor de três prêmios importantes no Festival de Cannes: melhor atriz para Isabelle Hupert (de Madame Bovary e Separação), melhor ator para Benoît Magimel (de O Ódio) e Prêmio Especial do Júri.

Isabelle vive o papel de Erika, a professor do título, que divide o apartamento com sua possessiva mãe (a veterana Annie Girardot, de Rocco e Seus Irmãos). Entre elas reina um forte clima de tensão violenta, que não raramente explode em desrespeito e autoritarismo. Durante um recital, Erica conhece o jovem Walter (Magimel), que passa a assediar a balzaquiana pianista. Tal assédio desperta na professora uma fúria de sentimentos represados. Uma perturbada mistura de amor e ódio que se manifesta das maneiras mais inesperadas e incoerentes. Ao mesmo tempo contida e exuberante, Isabelle está perfeita no papel. Sua atuação convincente é uma das  forças principais do filme, que se equilibra perigosamente sobre a fina linha que divide o trágico do inacreditável.

As frustrações que se transformam em atos de violento inconformismo deixam a platéia num clima de constante tensão. Para isso, Haneke segura a narrativa com mão-de-ferro, não deixa a ação descambar para a violência fácil, ao mesmo tempo em que prende nas gargantas de seus personagens principais um grito sufocado que parece impossível de ser expelido. Este é o clima de A Professora de Piano. Um cruel exercício de sensações sufocadas, num filme que não faz nenhuma questão de ser facilmente consumido.
Celso Sabadin (2002)


 Agora, depois de visto o filme, é trabalhar o que há da mulher,na sua demanda-carta dirigida a um homem, caso ele se disponha a lê-la. Mais alguém? Alguém, algum cineasta, algum psicanalista, tem algo a dizer sobre o filme? Alguém compartilha da inquietação que o filme provoca?

Nenhum comentário:

Postar um comentário