Perguntado
sobre qual verso da poesia brasileira gostaria de ter escrito, o poeta Carlos
Drummond de Andrade foi direto:
“Não
chore ainda não
Que eu tenho um violão
E nós vamos cantar.” (Chico Buarque de
Holanda)
Fala
e Escrita. Lágrimas e Violão.
O
Dito e o Dizer. O Fato e a Voz.
O
ATO é um discurso sem palavras e quem o faz só depois saberá que se deixou
conduzir por própria escolha.
Apropriar-se
de um verso, de um gesto,
De
uma lágrima.... de um resto.
Falar
versos, gesticular proezas,
Chorar
tristezas... até se desmanchar.
O
APARATO da palavra esconde o desmanchado de um sujeito em seu discurso, mas não
tem ainda todo poder de apagá-lo em seu desejo, este, sim, é o que resiste. E
isto porque reordenando-se de suas letras, restos caídos de discursos, este
mesmo sujeito emergirá do ato, sem palavras, da escolha apropriada de não
recuar de seu desejo.
Mais
além do que se diz há sempre, à espera, uma voz a se escrever. Um sopro-vida a
germinar no arado da terra-dor de existir.
Escrita
ex-grito.
Luto
feito. Silêncio.
Luto
acabado, morte entrelaçada em vazios de horizontes. Apropriada herança.
Fio
de voz tecendo a vida por fazer.
Que
nos leve mais além das esperanças este canto escrito da poesia que, por não ser
só aparência, evoca-nos o frescor do
saber que há em cada despertar.
“Felicidade
aqui pode passar e ouvir,
E se ela for de samba há de querer ficar.” (Chico Buarque de Holanda, em “Olê Olá”)
Lúcia Montes
Mais além da beleza, da presteza, da precisão, há na voz, fio que "tece a vida por fazer" o afazer de um psicanalista! E eu sou de samba e hei de querer ficar! Que bom compartilhar aqui a alegria de um trabalho, regado por você, Lucia Montes, de mais trabalho! Allons y!
ResponderExcluirQue lindo!!! ~Uma prova de que o inconsciente é estruturado como a poesia! bjs Gilda Vaz
ResponderExcluir