quarta-feira, 1 de maio de 2013

Não é com a faca que dissecamos, mas com conceitos...






Na abertura de seu Seminário, Livro 1, Os escritos técnicos de Freud, Lacan, nos seus comentários lembra que o pensamento de Freud é o mais perpetuamente aberto à revisão.
E diz: "É um erro reduzi-lo a palavras gastas. Nele, cada noção possui vida própria"

Freud “ousou dar importância àquilo que lhe acontecia, às antinomias da sua infância, às suas perturbações neuróticas, aos seus sonhos. Daí ser Freud para todos nós um homem que, como cada um, está colocado no meio de todas as contingências – a morte, a mulher, o pai. Isso constitui uma volta ‘as fontes e mal merece o título de ciência. O mesmo se dá para a Psicanálise e para a arte do bom cozinheiro, que sabe cortar bem  o animal, destacar a articulação com a menor resistência. Sabemos que há, para cada estrutura, um modo de conceitualização que lhe é próprio....” “ Temos de nos aperceber de que não é com a faca que dissecamos, mas com conceitos. Os conceitos têm sua ordem de  realidade original. Não surgem da experiência humana – senão seriam bem feitos. As primeiras denominações surgem das próprias palavras, são instrumentos para delinear as coisas.” “Toda ciência permanece, pois, muito tempo nas trevas, entravada na linguagem.”
 Mas Freud se impôs submeter-se à disciplina dos fatos, afastando-se da má linguagem, quando se vale da experiência. Desde a origem, sabe que só fará progressos na análise das neuroses se se analisar." (Lacan, Seminário 1, página 10)

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