terça-feira, 12 de abril de 2011

Interlocução, laços e torção: abertura entre os discursos...



É  sempre bom encontrar quem se disponha a participar da interlocução proposta pelo blog do Tear 4.
As questões colocadas por Maria Antonieta Cohen, em seu comentário http://tear4-psicanalise.blogspot.com/2011/04/um-blog-de-psicanalise-por-que-se-vai.html) , nos reenviam ao trabalho, como participante do Tear 4 e como blogger.
O blog se propõe ser um espaço para publicação do trabalho resultante de estudo rigoroso e pontual dos textos de Freud e Lacan, empreendido por seus participantes, analistas e não analistas, no Tear 4.
O texto que publiquei (http://tear4-psicanalise.blogspot.com/2011/04/um-blog-de-psicanalise-por-que-se-vai.html ) levantando de novo, como sempre faço, questão sobre a função do blog, é resultante do estudo pontual da lição de 22 de novembro de 1967, do Seminário do Ato Psicanalítico, onde Lacan, provocativamente, através da presença maciça dos estudantes, busca implicar os analistas em seu ato, deixando claro, exatamente, a natureza do mesmo, não antes de tentar circunscrevê-lo em sua registro particular e específico.
Daí as considerações sobre o Discurso Universitário, que, em sua especificidade, não leva  a “consequências” da ordem daquelas a que uma psicanálise pode levar.
 Enfatiza que, da natureza do ato psicanalítico dependem consequências as mais sérias quanto ao que resulta da posição que se deve manter, para estar apto a exercê-la.
As “consequências” a que ele se refere, em se tratando do discurso analítico, tem a ver com os efeitos que, da posição analítica, de um vazio de estrutura, o ato venha a provocar.
O ato, significante, pode “provocar desordem” , no sentido de recolocar o sujeito, particularmente, diante de suas questões singulares.
A função do ato psicanalítico implica profundamente o Sujeito, sujeito, em psicanálise, colocado em ato, sujeito do inconsciente.
Finalmente,
quando se vai a um blog de psicanálise, será que se vai “porque têm a impressão de que aqui se enuncia algo que poderia - quem sabe? - ter consequências?”,
 é o que aponta para uma aposta de que o blog do Tear 4 seja um lugar de transmissão da psicanálise, quem sabe, que toque particularmente aos sujeitos leitores  e os façam, como a  nós, trabalhar!
Contamos com as contribuições, no estudo a que nos propusemos, de  todos aqueles que se sentirem instigados pelos textos aqui postados!
Espero, ainda,  estar, com minhas observações, acrescentando alguns pontos de reflexão  ao comentário de  Lúcia Frota.

Angela Porto

3 comentários:

  1. Meu ponto é: embora o blog destine-se aos que lêem Lacan pontualmente e com rigor, como certamente os autores das várias msgs deste blog, pode ser que pessoas que trabalham em interfaces e o frequentem tenham uma leitura diferente... e acho que a internet é isso: o contato com o desconhecido,pois mesmo com critérios de privacidade, os blogs, FB, twitter, etc estão em rede que mutiplica a informação ad infinitum...

    Se o discurso de Lacan não é o informativo 'tout court' , qual seria? Maria Antonieta Cohen

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  2. A "rede" assim se tece. Nas interlocuções e nos enlaçamentos que os discursos propõem. Acho pertinente. Entretanto, o corte que se estabelece com o ensino de Lacan nesse momento em questão(Seminário do Ato e o momento em que é proferido 1967) aponta para uma direção onde o ad infinitum tenha um ponto de real, algo que faça parar, tal como o que torna a análise terminavél e o ato não sem consequência.

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  3. Aurea,
    Muito pertinente sua observação...do "ad infinitum" ao ato, portanto ao final, as possibilidades de uma análise.
    Também é bom lembrar...os limites da rede,'hors' transferência analítica no seu lugar...como diz Lacan, "no seu leito", a clínica.

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