domingo, 20 de março de 2011

PLEONASMOS...Clínica psicanalítica, clínica do real !?

Pleonasmo: do grego, superabundância, redundância...
.
“...de jeito maneira, não quero dinheiro (Tim Maia)
...eu nasci há dez mil anos atrás...(Raul Seixas)
...e rir meu riso... (Vinícius de Morais)
...chove chuva...(Jorge Benjor)
...amanheceu o dia... e entrei pra dentro...

O literário:

também denominado pleonasmo de reforço, estilístico ou semântico - trata-se do uso do pleonasmo como figura de linguagem para enfatizar algo em um texto. Grandes autores usam muito deste recurso. Nos seus textos os pleonasmos não são considerados vícios de linguagem, e sim pleonasmos literários.
O vicioso:
Trata-se da repetição inútil e desnecessária de algum termo ou idéia na frase. Essa não é uma figura de linguagem, e sim um “vício” de linguagem.(Wikipédia)

O óbvio,
poética ou viciosamente repetido a título de reforço
ou repisado de maneira insistente,
faz questão sobre o ponto de atração que exerce uma dada representação-revestimento de um vazio que exige trabalho.

Já dizia minha avó: “Quem fala muito da virtude, precisa dela!”

Quando se anunciam, no trabalho dos psicanalistas, os temas:  
“A Clínica e o  Real”, “O Real da Clínica”, “A Clínica do Real”,  há algo desta ordem em questão?
Pleonasmo literário ou pleonasmo vicioso?
Ou é da virtude que falta que se trata?
Ou... da virtude da falta?

A clínica psicanalítica só se distingue de tantas outras porque pretende ‘tratar o real’,
mesmo que seja “a palavra que viabiliza o vazio”, o que pode fazer chegar lá..
A própria especificidade da clínica psicanalítica, por assim dizer, é essa!
Se a direção ética do tratamento, em se tratando de psicanálise, só pode ser a do esvaziamento, só pode ser, sob transferência, a viabilização do confronto do sujeito com o real da castração, não é surpreendente,
 não, por ser exótico, mas pelo fato de poder ter estado oculto quando terá sido o óbvio”..
que seja preciso que se diga, talvez para precisá-la, e se diga...e de novo se diga... do “real da clínica”?

Se o saber clínico pode parecer suspeito, posto que é suposto e se a clínica exige, do encontro frontal  com o sintoma, a formalização de um  saber, num só depois,

 a clínica é o real a suportar” (Lacan, em Abertura da Sessão Clínica, 1977)
                                                   Angela Porto

5 comentários:

  1. No meio do caminho

    No meo do caminho tinha uma pedra
    tinha uma pedra no meio do caminho
    tinha uma pedra
    no meio do caminho tinha uma pedra

    Nunca me esquecerei desse acontecimento
    na vida de minhas rotibas tão fatigadas
    nunca me esquecerei que no meio do caminho
    tinha uma pedra
    tinha uma pedra no meio do caminho
    no meio do caminho tinha uma pedra


    Drummond tratou de escrever sua pedra.E escrevendo tratou suas pedras...

    A pedra que insiste, que abunda e exige trabalho
    Nosso caminho é de pedras!

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  2. Seja benvinda, Germana!
    Escrevamos nossas pedras...
    Dizer o óbvio,é tentar, pela escrita da análise, fazer com que a repetição, que é de estrutura, deixe de ser 'inimiga da vida', admitindo um outro 'jeito'...um 'jeito maneira' singular, diferente daquele que as 'retinas fatigadas'de Drummond não deixam esquecer como 'acontecimento' que impede o caminho e o caminhar. Feliz aniversário!

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  3. um caminho pedras, mas onde ainda se pode sonhar... arriscando outros e novos passos,
    num campo de perdas,o analítico, onde por uma função de causa, do objeto a, o sujeito ainda pode deixar de estar ligado, se separar, do 'sentido' que trança as amarras da Alienação.
    Afinal, se os próprios analistas fazem parte das querelas que rondam o Inconsciente, e se quizermos mesmo levar à risca o que Freud trilhou aí, está fora de questão a redundância das habilitações, qualificações, nomeações, autorizações.... da 'capacitação' prá se praticar a psicanálise. Aliás, estas aí sim, são pedras que têm levantado uma forte muralha de ambiguidades, mas, que podem até ser coisa também para se analisar!? quem sabe, né? Vamos continuar nosso trabalho!

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  4. As pedras sempre farão parte de nossa vida o importante é saber conviver com elas e não declarar guerras a essas. O grande sábio é aquele que sabe domesticar as pedras de nossas vidas. Jorge Alves, psicanalista e religioso paulino

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  5. Boa noite Jorge Alves,
    gostaria muito de saber se vc deu aulas em Sto André,
    pois tive um grande mestre em psicanalise,perdi o contato,se for vc por favor entre em contato comigo,sou
    Valquiria e meu e-mail é valk.m@hotmail.com
    Muito Obrigado.

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