sábado, 14 de setembro de 2013

O que é que h(á)?




Como o sujeito se posiciona, frente aos  desafios e ofertas do  Outro , para lidar com suas escolhas?
Escolhas se ligam a desejos e desejar é deixar cair algo,  fazer cortes. É  como fazer um luto. Não é substituição de um objeto por outro.
 “Antes é preciso fazer o luto, o luto não é substituir o objeto, mas, sim, perdê-lo como insubstituível." (Abílio Ribeiro Alves in texto de Áurea Porto )
  Na substituição de um objeto  por outro algo do gozo persiste  e amarra o desejo . Se o objeto não cai  é o sujeito que cai com ele.
  "Do encontro do sujeito com o Outro (cultura ,sociedade ,família)  haveria uma divisão do sujeito e  a clivagem do Outro, mais a produção de um resto que é o objeto 'a'. Este resto,  instituinte  do sujeito, seria a causa do desejo. O desejo então não estaria prometido à completude, pois ele seria sempre decorrente de uma perda, na qual o sujeito se funda(Marcio Peter de Souza Leite “A depressão como paixão da  alma")
   Querer  a completude do desejo  seria o  gozo , nunca satisfeito . Lacan o compara ao tonel  de Danaides nunca preenchido .(*) 2
  “Jamais, em nossa experiência concreta da teoria analítica, podemos prescindir de uma noção da falta de objeto como central. Não é um negativo, mas a própria mola da relação do sujeito com o mundo”.(Lacan,Livro 4, pagina 35)
O objeto a, portanto, como causa de desejo, é causa de desejo constituído na função da falta.
O capitalismo com suas ofertas sucessivas de consumo de objetos é um campo fértil para as tentativas infrutíferas de preenchimento da falta
  A psicanálise não promete ao sujeito a felicidade, mas pode abrir o círculo, daí sua importância na história. Importância que não se fundamenta na crença de um inconsciente coletivo, mas numa prática singular, experiência impar de um só leitor onde algo, que, pela repetição significante, possibilita o esvaziamento dos significantes do Outro, a queda do objeto a e a inscrição do sujeito numa nova posição frente ao desejo.
  
(*) Figura mitológica as  Danaides eram 50 gêmeas que se casaram, e na noite de núpcias mataram os seus respectivos maridos,  exceto uma que se apaixonou e assim, não conseguiu executar a ordem do pai. Pelo crime, foram castigadas a encher toneis que não tinham fundo


                                                                                       Lucia Cunha Frota 

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