Trabalhando com Lacan, no Seminário
XVI, “De um Outro ao outro”, deparo-me com a frase dele:
“Não existe propriedade intelectual, por exemplo, o que
não quer dizer que não haja roubo”.
Fica já, de cara, claro, que não se
trata do questionamento do direito, nem de seus princípios, quando Lacan diz: “o que não quer dizer que não haja roubo”.
Trata-se de situar o que chamamos de ‘
propriedade intelectual’, quando nos referimos ao discurso analítico, e a “impropriedade”
do sujeito, que, para se fazer
representar, precisa, e só assim, fazer sintoma.
Então de modo inteiramente novo, reproduzo
esta postagem cujo link incluo ao final, para que possam, caso queiram, retomar
da ‘origem’ , sua questão e até, finalmente, a receita que deu origem à
conversa.
"Que importa quem fala?
... Nessa indiferença se afirma o princípio ético, talvez o mais fundamental, da escrita contemporânea. O apagamento do autor tornou-se desde então, para a crítica, um tema cotidiano. Mas o essencial não é constatar uma vez mais seu desaparecimento; é preciso descobrir, como lugar vazio - ao mesmo tempo indiferente e obrigatório - o lugar em que sua função é exercida.(Michel Foucault)
...Postei uma receita de pão de queijo que a mim fora endereçada, a pedidos, por Maria Tereza, minha prima.
Postei-a como “Pão de Queijo do Queens”, referindo-me a uma deliciosa tarde e noite no Queens, com amigos queridos, farra e prosa.
Reinventei o nome, troquei ingredientes.
A receita, de antiga, usava “banha” e “claybon” único título à época da margarina, que era vendido em dois pequenos tabletes de 100grs.
De repente, incomodou-me o não ter citado a origem da receita.
Origem? De quem Maria Tereza a terá recebido ?
Veio-me a questão tão atual do “conceito de autor”, em tempos de internet. Propriedade intelectual? Enveredei-me por longas elucubrações que me levaram a distantes e cada vez mais próximas constatações...
A escrita se desenrola como um jogo que vai infalivelmente além de suas regras, e passa assim para fora.
Na escrita, não se trata da
manifestação ou da exaltação do gesto de escrever; não se trata da amarração de
um sujeito em uma linguagem.
Trata-se da abertura de um espaço
onde o sujeito que escreve não para de desaparecer.
Desaparecido o autor, a receita do delicioso
pão de queijo, aposto, permanecerá rolando on-line e, se executada,
deliciando bocas e almas, em tardes e noites entre amigos, seja lá onde for!.. (http://amotorresmo.blogspot.com.br/2010/08/pao-de-queijo-do-queens-ao-rodrigo.html )
Que importa quem fala, disse alguém, que importa quem fala! Samuel Beckett
Read more: http://amotorresmo.blogspot.com/2010/08/que-importa-quem-fala-disse-alguem-que.html#ixzz1y97zaQ4S
Que importa quem fala, disse alguém, que importa quem fala! Samuel Beckett
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A propósito dos "pães de queijo ":
ResponderExcluirAssisti ,ontem , uma peça do FIT de um grupo teatral de Portugal , homenagem a Fernando Pessoa, onde artistas de terno preto em bicicletas faziam um passeio por Lisboa , menções ao poeta e a historia de Portugal ,terminando a apresentação com balões levando o poeta para os ceús .
Alguns comentários dos espectadores : "olha até meu cachorrinho viu F.P. indo para os ceús " outro se emocionou e deu "vivas a revolução dos cravos" outra muito emocionada perguntou "quem foi F. Pessoa ? "
Desaparecido o autor ,o que fica rolando pelo mundo? Imagens sobre as quais cada um faz sua própria escrita .
abraços Lucia Frota
RETIFICAÇAO
ResponderExcluirO grupo de teatro citado é da ''FONDAZIONE PONTEDERA TEATRO'' o nome da peça é ABITO. Direção de Roberto Bacci e Anna Stigsgaard. Lucia Frota
"Fica já, de cara, claro, que não se trata do questionamento do direito, nem de seus princípios (...)".
ResponderExcluirMas se trata, ao menos, de assinalar que o direito se erige sobre bases míticas?
http://nitidoedenso.blogspot.com.br/2012/07/atribuicao-de-agencia-1.html
Muito interessante sua observação, ??, nítido e denso, e o trabalho sobre "atribuição de agência"...fui lá ao seu post, abriu para mim questões que merecem trabalho. Direito e suas bases míticas... e o sujeito de quem tratamos. Ás alturas do Seminário XVI, o sujeito, que não para de desaparecer, o que o 'agencia'??? Obrigada pelo comentário, podemos conversar.. Abraço
ExcluirVamos sim, Angela, que bom!
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