Dali-Renoir |
“Convocado a testemunhar as freqüentes e repetidas cenas de atuações do paciente que quase sempre o enunciam como um sem bordas entre a vida e a morte, o analista presencia a insistência de um circuito fechado do gozo que visa, com e pela palavra, ocupar também os vazios do impossível de dizer. Dimensão em que o gozo encerra o significante, no engodo onipotente de disseminar no discurso a servidão da impostura. Obediência à aparência da verdade de um todo-saber contido no dito.
Saber sobre o quê? A que saber não se pode ter acesso, quando se diz saber do que se trata? É preciso formular melhor e uma vez mais, ainda... estas questões. Mesmo porque não há uma proporção exata para saber e verdade, assim como não há uma resposta a priori para o sexo.
Sob transferência, na presença do analista, destaca-se um tipo de afeto que pode viabilizar uma atualização do significante, através de seu re-endereçamento ao sujeito suposto saber, o inconsciente.
Sutis detalhes, atos falhos, homofonias... Frestas-alertas, janelas na mansão do dito.
Este trabalho de elaboração é operação de cortes precisos e faz, no discurso, uma espécie de sulcagem, reabrindo a fenda de uma pulsação, inter-valas da separação. O rasgo a ser mantido entre as diferentes faces da pulsão: descola-se a face significante na sua torção com a face de gozo. A primeira, articulada ao material recalcado e a outra, fator quantitativo, valor devotado ao objeto, perdido, no momento mesmo de seu advento.
Separados do gozo da fala, do sentido e da impostura no dito, cada um dos significantes, que assim se reapresentam, vão se re-a-locando e sendo transferidos à posição de abertura de novas cadeias significantes.
Esvaziado do sentido obtuso que o aderia ao gozo, o significante deverá sofrer sua erosão até um outro modo de dizer que a letra imprime na gramática da pulsão, para que se reescrevam os caminhos possíveis ao desejo, advindo de outro discurso, que não seja da aparência, sem palavras e que resiste aos signos da morte.” Lucia Montes, em http://tear4-psicanalise.blogspot.com/2010/11/de-amores-e-sexos-nesta-pluralidade-o.html
Chegamos ao final deste tempo de trabalho, em 2010, “da transferência à interpretação” até uma exigência de “trançar por onde resiste o discurso”, que se segue como conseqüência lógica do trabalho da clínica, sob transferência, ao nosso tempo de “ da pulsão ao ato”, vislumbrado em nossa proposta inicial do Tear 4 .
Todo o encaminhamento deste movimento se faz perceber, ler, reescrever nas entrelinhas, interstícios dos dizeres de suas 59 postagens, visitadas por quase 3000 leitores, reafirmando nossa aposta em um trabalho de confiança,constituída na transferência ao texto de Freud e Lacan, no Tear 4, lugar de encontro onde se quer poder tramar, tecer e fiar, sem se fiar.
Talvez a posta em ato, de uma “justa topologia” como sugere Lacan no Seminário 8.’Justa topologia’, que veio nos recolocando, em nossos trabalhos , e na nossa experiência, na direção da retificação do conceito de transferência.
Desde um ‘no começo era o amor’, passando pelo estrutural da constituição do sujeito, ‘no começo era o Verbo’, pela reflexão ética da direção do tratamento, via a sustentação do desejo, até um ‘no começo é o ato’, o encontro com o real, encontro essencialmente faltoso.http://tear4-psicanalise.blogspot.com/2010/08/alo-alo-da-blogger-ao-blog-insistencia.html
O ato é o que resulta, então, sempre, lógicamente, de nosso percurso, como próximo passo de trabalho como analistas.
O ato é o que resulta, então, sempre, lógicamente, de nosso percurso, como próximo passo de trabalho como analistas.
O Tear 4 continua aberto, nos seus encontros para 2011, a novas inscrições para participação e trabalho, em seu endereço à Rua Fernandes Tourinho, 470, às 2as feiras, de 13,30h às 15h. Fones de contato:(31) 3223 8088 e (31)32812212